Maio Laranja
Por Dalila Araujo, Diretora de Qualidade & Especialidades.
Uma encantadora menina de 8 anos, no auge de sua alegria e criatividade, inspirava todos ao seu redor. Seguindo sua rotina diária, ela ia para a escola, aprendia coisas novas, voltava para casa e interagia com sua família e irmãos. No entanto, em um fatídico dia, ela foi para a escola e não retornou. Imagine a angústia e o medo que invadiram a rotina de sua família, quebrada pelo desconhecido. A apreensão tomou conta de todos, alterando profundamente suas vidas.
As fotos da menina foram espalhadas pelo bairro para despertar comoção, unir esforços na busca e, acima de tudo, alimentar a esperança de encontrá-la sã e salva. Porém, essa esperança foi despedaçada. No sexto dia de buscas, o coração da comunidade sangrando aos poucos, o corpo da menina foi encontrado. Uma onda de desamparo tomou conta da família, oscilando entre o choque de ter visto Araceli Crespe cheia de vida um dia e sem vida no outro. O mais devastador foi a condição de seu corpinho inocente, brutalmente estuprado, torturado e assassinado. O dia 18 de maio de 1973 marcou a história brasileira com esse crime brutal e trágico, iniciando uma trajetória investigatória que, até hoje, não levou à punição dos culpados.
A luta por justiça no caso de Araceli Crespo transformou-se em um símbolo na batalha contra o abuso sexual infantil no Brasil, fazendo de maio o mês dedicado a essa causa vital. O Maio Laranja ressalta a importância de proteger crianças e adolescentes não só dos abusos físicos, mas também dos perigos crescentes do ambiente online.
Os dados alarmantes sublinham a urgência desta causa: conforme relatado pelo Disque 100, no período festivo de Carnaval, entre 8 a 14 de fevereiro de 2024, foram registradas 73,9 mil violações originadas de 11,3 mil denúncias. Durante o Carnaval de 2023, os números também foram elevados, com 53,5 mil violações reportadas. Uma comparação entre os dados dos períodos carnavalescos de 16 a 22 de fevereiro de 2023 e 2024 revela um aumento de 30% no total de violações contra crianças e adolescentes. Para contextualizar, o número de denúncias registradas em 2024 é comparável ao número de habitantes do município de Ibiúna, no estado de São Paulo.
Surpreendentemente, as crianças mais afetadas tinham apenas 7, 10 e 5 anos, e a maioria dos abusos ocorreu dentro de suas próprias casas. Este cenário se repete ano a ano, reforçando que o perigo muitas vezes reside muito perto de nós.
Além disso, o risco online está se tornando cada vez mais presente, com 29,3 milhões de denúncias de abuso sexual de crianças na internet. Um dado chocante da WeProtect Global Alliance Survey revela que 1 em cada 3 pessoas já recebeu pedidos para realizar atos sexualmente explícitos online durante a infância.
Diante deste panorama, a conscientização sobre o uso responsável e seguro da internet torna-se essencial. Aqui estão algumas orientações que podem ajudar:
- Conscientização digital: É fundamental educar crianças e adolescentes sobre interações seguras na internet. Ensine-os a evitar exposições indevidas e golpes, a reconhecer comportamentos inapropriados online e a se afastar dessas situações.
- Configurações de privacidade e segurança: Informe-se e aplique configurações de privacidade que protejam suas informações e as dos dispositivos eletrônicos usados por crianças e adolescentes. É essencial restringir a interação online a redes conhecidas e seguras.
- Comunicação aberta: Crie um ambiente onde crianças e adolescentes se sintam seguros para discutir suas experiências online sem medo de julgamento ou repressão.
- Relação de confiança: Encoraje as crianças e adolescentes a se sentirem confortáveis para procurar sua ajuda se algo na internet as deixar ameaçadas ou desconfortáveis.
A luta contra o abuso de crianças e adolescentes é uma responsabilidade coletiva que exige ação imediata e conscientização contínua. No Brasil, o principal canal para denunciar situações de abuso ou exploração de menores é o Disque 100, um serviço que funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana. Esse canal encaminha os casos às autoridades competentes e garante o anonimato do denunciante, proporcionando um ambiente seguro para que todos possam reportar violações sem medo.
Além do Disque 100, existem outras vias oficiais que podem ser utilizadas, como os Conselhos Tutelares, que atuam localmente na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes. Os casos também podem ser levados diretamente às delegacias especializadas ou às varas da infância e juventude.
Fazer uma denúncia pode parecer um gesto simples, mas seu impacto na vida de uma criança ou adolescente em risco é profundo e duradouro. Cada relato nos permite avançar na luta contra o abuso e à exploração sexual infantil e salvar vidas. No entanto, a adoção de medidas preventivas é ainda mais essencial para vencermos essa batalha. Ao nos anteciparmos aos problemas, podemos proteger nossos jovens antes que o mal aconteça, reforçando a segurança e o bem-estar em nossa sociedade.
Convido você, leitor, a se engajar profundamente neste Maio Laranja, transformando reflexão em ação preventiva. Vamos direcionar nossos esforços para prevenir situações de abuso, em vez de ter de remediar suas consequências. Educar e proteger são ações proativas fundamentais para criar um futuro onde nossas crianças e adolescentes possam se desenvolver em um ambiente seguro e estimulante. A mudança que desejamos vai além de denunciar; é um compromisso com a educação e a proteção, estabelecendo os pilares de uma comunidade que valoriza e prioriza o bem-estar de cada jovem.
Mais informações sobre o caso acesse a matéria completa aqui.
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